RESENHA SOBRE O SEMINÁRIO DA OBRA, A REBELIÃO DE TUPAC AMARU.
GERAB, Kátia e RESENDE, Maria Angélica Campos. A Rebelião de Tupac Amaru: Luta e resistência no Peru do século XVIII. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1993.
No século XVIII, um movimento chefiado por um índio, seria compreendido por gerações posteriores, como precursor de inúmeras outras rebeliões, ocorridas na América hispânica culminando na independência do Peru. Kátia Gerab e Maria Angélica Resende, em sua obra, A rebelião de Tupac Amaru, fazem uma analise sobre uma das revoltas mais contundentes, da história da colonização americana pelos espanhóis.
As autoras iniciam seu trabalho, mostrado a posição ocupada pelo índio, na sociedade da época. Segundo as mesmas, o índio era extremamente explorado, era imposto a ele, que trabalhasse nas minas e em “obrajes”, através do sistema de Mita. Havia ainda os “repartos” mercantis, que obrigava os índios, a comprar produtos, em suma totalmente dispensáveis a eles.
Segundo Gerab e Resende, a Mita, uma das formas de exploração usada pelos hispânicos, desde o inicio da implantação de seu projeto colonial na América, vinha do mundo Inca e, consistia em um sistema no qual o índio trabalhava por de cerca de seis meses em minas, por exemplo, como forma de tributos. Apesar de ser um trabalho que seria por um curto espaço de tempo, poucos índios conseguiam voltar a seus lugares de origem. Dívidas e a precariedade das situações nas minas prendia-os às regiões mitayas por quase toda vida deles. Na regra apenas uma parte da população masculina indígena deveria cumprir o serviço de Mita, porém era grande o uso de mulheres e crianças no trabalho mitayo. Para as autoras, há uma ligação entre a dureza do trabalho nas minas, ao qual o povo índio estava sendo submetido e, o surgimento e crescimento de insurreições em meados do século XVIII, naquela região.
As autoras prosseguem falando sobre a Mita nos “obrajes”, que seria outro trabalho imposto aos índios, só que não em minas, mas em certos tipos de tecelagens, fabricando tecidos. A situação nos “obrajes” era à semelhança das minas, degradante. Os índios eram presos com correntes, para evitar que fugissem. O salário pago aos índios era de igual forma tão baixo, que os deixava em situação de miséria. Somado a isso, as autoras atentam para o fato, de os índios serem obrigados a comprar mercadorias dos espanhóis, por causa dos “repartos” mercantis. Mercadoria vendida a um preço exorbitante.
Gerab e Resende apresenta o papel do cacique, nessa sociedade, como elo entre o colonizador e o índio. O cacique era um representante das camadas indígenas, frente aos espanhóis. Tupac Amaru, sendo cacique de Tungasuca, Surimana e Pampamarca, se põe ao lado do índio e busca junto a instituições régias, propor o fim da Mita, sobretudo em Potosí. Diante das sucessivas negativas advindas da administração espanhola, Tupac Amaru, inicia um movimento ofensivo, a começar pela prisão e execução do corregedor espanhol, Antônio de Arriaga. A partir desse momento as autoras mostram a trajetória dos rebeldes, rumo à Cuzco, deixando em estado de desolação vários “obrajes”. Após vários conflitos entre o exército espanhol e as forças rebeldes, Tupac Amaru é preso, junto com sua mulher e dois de seus filhos, ocorrendo sua execução em 18 de maio de 1781.
As autoras destacam ainda o fato, de que a morte de Tupac Amaru, não implicou no fim do movimento rebelde na região do Peru, embora a coroa espanhola começa a promover reformas no intuito de pôr fim a todo resquício que pudesse lembrar as tradições Inca, segue instalando audiências em várias partes da província e, acaba por extinguir os “repartos” mercantis.
Gerab e Resende apresentam duas teses, que fazem parte da historiografia peruana, em relação à rebelião de Tupac Amaru e sua contribuição para o processo de independência do Peru. Tais teses debatem se Tupac Amaru foi de fato aquele que inicia movimentos de revoltas que vão até a independência peruana.
Todo acontecimento envolvendo o caciqueTupac Amaru, permaneceu durante muito tempo na mente do povo peruano, e de líderes de vários movimentos de Reforma Agrária no Peru. Segundo as autoras, voltar atrás e analisar esse momento, é importante para compreender todo histórico de indiferença sofrida pelo índio até os dias atuais.
Muito obrigado por toda a ajuda sobre essa rebeliao ...
ResponderExcluirIgor Ruan
gostei da postagem vai me ajudar no meu texto .obrigado
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